segunda-feira, 26 de novembro de 2007

A lingüística de Heidegger

Heidegger travou uma longa luta com as palavras e sua visão delas, assim como da linguagem, passa por três fases:
- Na primeira fase, palavras são intrinsecamente sem significado e só passam a ter sentido pelo seu uso em sentenças para expressar juízos.
- Na segunda fase, as palavras surgem da significação pré-lingüística, sendo que das significações, brotam as palavras. As palavras, por si só, não são coisas dotadas de significados. É aquilo que, em SER E TEMPO, o tradutor chamou o ser do pré, que nada mais é do que DASEIN - a existência do ser que antecede a palavra, a fala, a linguagem.
DASEIN, para Heidegger, em Ser e Tempo, designa o ser dos humanos e o ente ou pessoa que possui este ser.
Em linguagem simples de Fátima, o DASEIN de Heidegger seria o substrato interior daqueles que se expressam: humanos com palavras; planetas, com seus movimentos de rotação e translação, e assim por diante.
- Na terceira fase, Heidegger percebe que existem certas "palavras básicas" como arte, beleza, verdade, ser , dentre outras, que possuem um significado obscuro e encoberto e que denotam coisas essenciais para o DASEIN, mas variam de significado dentro de certos limites.
Veja-se bem - coisas essenciais, mas não essência, porque essência é "wesen" e tem outro sentido no estudo lingüístico de Heidegger. Palavras são fundamentais e não apenas seus sentidos mudam ao longo da história. DASEIN é que deve decidir o que ele mesmo significará através delas e sua decisão é que determina o curso da história.
Falar é "sprechen" e também significa linguagem.
Em Ser e Tempo, a linguagem deriva diretamente da fala.
Posteriormente, Heidegger sugere que a linguagem possui o modo de ser de DASEIN ou do homem e está essencialmente relacionada aos entes e ao homem.
Por isso, a linguagem varia de acordo com a concepção e conexão de mundo que o ente falante possui. É o DASEIN SPRECHEN.

Não se deve desprezar os lingüistas como Saussure, Chomsky ou Hjemslev de maneira alguma, mas, na humilde opinião da autora deste blog, Heidegger foi um dos maiores lingüistas que tivemos em todos os tempos, porque ele não estudou palavras, fonemas, monemas ou fez qualquer tipo de fragmentação da palavra e, sim, estudou o ser em si, o ente, que a fala.

Concluindo, em simples palavras de Fátima, só se pode falar daquilo que se tem dentro da gente, do que se é, do que se pensa. E, às vezes, o resultado do que se fala, pode ser assutador.

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